ATELIER VILLA VENTUROZA

O grupo de artistas do Atelier Villa Venturoza, formado por Alexandra Morizot, Anna Carolina, Armando Barbosa, Bia Sasso, Isa Aderne, Rizza Conde, Roberto Tavares e Thereza Miranda, constituiu-se pela necessidade que a gravura em geral provoca, de um espaço artístico e técnico em que se possa trocar experiências, compartilhar materiais, discutir encaminhamentos, tornar a aquisição de conhecimentos específicos um processo que se amplia na prática de todos os modos de gravar.Historicamente, a gravura se fez em oficinas, no embate entre mestres e aprendizes, na complementação e na ajuda, no consenso e no conflito de idéias, na intervenção do outro que valoriza as individualidades, tornando-as uma escolha cotidiana de motivos, soluções técnicas, fidelidades, criação, caminhos, variações e liberdade.
Assim como se produz coletivamente, sem perder a identidade de cada um, os artistas reunidos para a publicação deste blog querem mostrar como o grupo é, identificando uma pluralidade de imagens e procedimentos na arte de gravar . O ato de imprimir, prensar, queimar, mergulhar no ácido, dar banhos, molhar papel, pesquisar, e tantas outras atividades funcionam com algumas pessoas interagindo, conversando, pensando arte, sugerindo e trocando experiências com objetivos comuns. Mostrar o grupo é mostrar que o produto do trabalho se mantém como uma expressão absolutamente personalizada, embora o processo de produção seja compartilhado.
Para o público em geral, é preciso denunciar mistérios e contar que a gravura, como uma forma de expressão artística, supõe uma complexa série de passos, etapas, camadas sucessivas de atividades, sopros e poeiras que antecedem cada aveludado, cada espaço aberto, cada corte, cada recanto de luz, cada sombra e cada claro-escuro.
É também uma oportunidade de evidenciar a convivência prazerosa que mantém um ambiente de aula, de aprendizagem permanente, para profissionais que já têm experiência consagrada, mas que admitem que o processo de produção da gravura requer humildade para a descoberta permanente e a pesquisa.

Letícia Ligneul Cotrim

ALEXANDRA MORIZOT

Partindo da pesquisa de fotos antigas, coletadas em diversos “álbuns de família”, procuro abordar a linguagem fotográfica utilizada no passado criando novas imagens manipuladas no computador. As imagens são transferidas para a chapa de metal através do processo de fotogravura e retrabalhadas utilizando os procedimentos próprios da gravura em metal. Após a impressão da gravura, seguindo a minha linha de trabalho, alguns elementos são adicionados: flores e linhas, entre outros, são incorporados à obra, criando um diálogo entre impressão e interferência

http://alexandramorizot.blogspot.com/

ANNA CAROLINA

Anna Carolina, um trabalho em que conflui o talho direto da xilo nordestina e a figuração pop das HQ. Acho isso fundamental nos caminhos de nossa gravura. E, para além dessa convergência, o confronto da gravura com a questão do feminino: precisão do conceito ameaça do enigma. Liberdade na concepção e na feitura e um sentimento do mundo. Mundo ambivalente, coisa, objeto, gente, coração. Sentimento animado por dois sopros contraditórios, de doce romantismo e violência sem remédio. Modernidade e atualidade de Anna Carolina.
Rogerio Luz

ARMANDO BARBOSA

Século após século a gravura se renova. Faze-la é, embora apaixonante, um sofrimento constante, pois cada fase trás, em seu bojo, novas dúvidas.Procuro com ela aprimorar cada vez mais minha técnica, sem preconceitos quanto a processos, fazendo desta técnica apenas um suporte para a emoção.

BIA SASSO

A fotografia é a base da minha pesquisa em formas de impressão. O metal da gravura me faz acreditar na permanência da matriz, que é bem maior do que a da gelatina do negativo e, agora, do chips digital. E é o metal que me proporciona a possibilidade de interferências nas fotografias focadas no perfil da cidade, arquitetura, as pessoas, suas dificuldades e performances.
O meu trabalho se resume em: Fotografia, Photoshop e Fotogravura.

http://www.saatchi-gallery.co.uk/yourgallery/artist_profile/Bia+Sasso/27511.html

ISA ADERNE

A integração do grupo que freqüenta o Atelier Villa Venturoza, nos faz ativos e motivados a criar um numero maior de novas obras.

RIZZA CONDE

Depois de acompanhar ao longo de anos o trabalho de Rizza Conde, vemos reiterar-se nele uma linguagem feminista, que parte da xilo para fazer agora uma passagem para a gravura em metal, belamente iluminada, muitas vezes, pela presença da cor: amarelos claros, azuis, rosas, tons claros.
É arriscada a trajetória dessas mulheres de equilíbrio instável, tantas vezes em queda livre, ou representadas como disjecta membra, disjecta fêmea, em que pernas, braços, troncos vão compondo trípticos e frisos de traço livre, de um desenho forte, que revela a matriz expressionista da própria técnica que esteve na origem destes trabalhos.
Estas inscrições do feminino, que vêm encontrando crescente inclusão no universo da visualidade contemporânea, visam, no trabalho de Rizza, que constrói um vocabulário extremamente pessoal através da metáfora e do simulacro de situações, reclamar para as mulheres um território que as torne sujeito da sua própria história.
Lélia Coelho Frota
ABCA/AICA

ROBERTO TAVARES

A minha pesquisa gráfica sempre estabelece conexões com os procedimentos do meu ato de pintar. São grafias quase pictóricas não fossem os testemunhos definitivamente gravados....marcados.. Procuro brincar com os espaços construtivos em planos gráficos e cromáticos, usufruindo de elementos que solucionados em minha pintura, participam de minhas pontas secas, águas – fortes, águas – tintas, relevos, lavis, monotipias, montagens, texturas, frottages.......viscosidades....marcas da GRAVURA.

THEREZA MIRANDA

“A artista foi responsável pela introdução, no Brasil, da fotogravura, técnica que tem a fotografia como suporte. Thereza Miranda, preocupada com o patrimônio cultural do país, registra em suas gravuras, fachadas, portas, telhados e outros detalhes de nossa arquitetura.”
Trecho extraído de folder da Mostra Rio Gravura.